Victoria's Secrets

domingo, agosto 28

Coca-Cola sem gás é amor.

Olha ela! Olha como passa rápido pelos prédios da cidade. Assim quase não se percebe o quão pequena fica em meio às construções megalomaníacas da metrópole (mas que também ficaria ao lado de uma simples barraquinha de cachorro quente). Eu a vejo e preciso parar por um instante pra poder olhá-la de novo. Eu me apaixono, não tem jeito ou explicação. Mas... Tinha que ter?

Olha ela! Tão minha por ser tão dela, tão ela. Eu me derreto, não dá pra negar. Ela passa e eu acho graça quando, sem perceber, ela desata a cantar qualquer música atoa. Ela nem sabe, mas eu fito cada detalhe pra poder me lembrar. Pra encontrar seus esconderijos mais profundos e seus segredos mais bobos, pra tornar ela mais minha já que não pude fazer parte da sua vida toda. Pra quando um amigo de infância contar como foi aquele passeio da escola em 2004, eu ficar tranquila por saber que ela achou muito engraçado a fórmula do seu remédio mudar pra laranja e vermelho. E isso só eu sei.

Olha ela mudando minha rotina. E nem eu diria que poderia ser. Eu só queria um banho de mar num dia de sol e ela apareceu! E trouxe tantas peculiaridades que eu nem sou mais a pessoa mais esquisita que eu conheço. É essa loucura que me torna tão dela, tão inconfundivelmente e completamente dela, sem desvios, sem riscos e, finalmente, sem dor. E foi assim que eu aprendi como desistir da coca-cola com gás é amor.



(por Vicky Fechine)

quinta-feira, março 20

Assim porque é o certo

As pessoas realmente acreditam que existe uma fórmula universal para ser um ser humano? Isto é tão estúpido! Será que elas não se dão conta de que, com esse pensamento, elas, na realidade, deixam de ser um indivíduo para se tornar um produto do sistema? Em outras palavras: robôs.

Gente, cada um tem uma experiência de vida diferente, crenças diferentes, sentimentos, emoções, medos, formas de viver, opiniões, conceitos... Enfim. Isso sim é o que nos torna indivíduos. Se nos basearmos por isso, não tem como algo que é genial para fulano, repercutir da mesma forma em toda a humanidade.

Acho que a melhor coisa da minha vida foi eu ser apaixonada pelas artes. Porque na arte eu posso ter 140 quilos e ficar nua em cima de um palco e ninguém vai olhar para mim e falar “Nossa! Que absurdo!” ou “Achei super sem necessidade”, como a “parte normal” da sociedade reagiria. Muito pelo contrário, um possível comentário do meio artístico poderia ser “Achei ultrapassado!”. E, não se enganem, ISTO É BOM. Porque é isso que nos motiva a ir além, a buscar o diferente, a descobrir, ou ao menos tentar descobrir coisas novas. E isso muda o mundo. Não pense que sou ingênua e clichê escrevendo essa frase, ou pense, tanto faz.

A questão é: EU NÃO QUERO SER NORMAL. Eu não quero uma fórmula. Eu quero aprender com meus próprios erros e viver da forma que acredito (e exijo respeito pelas minhas escolhas), ainda que eu e as minhas crenças estejamos abertas a constantes mudanças. Como este texto, por exemplo. Sei que muita gente vai ler e achar uma merda - E realmente está muito mal escrito e explicado, além de possivelmente “contraditório”, porque a minha intenção era única e exclusivamente de desabafar, e não de provar que posso tirar 10 em uma redação.

Então PAREM de julgar tanto e comecem a se questionar, a procurar o verdadeiro motivo de agirem desta forma tão “assim porque é o certo”. Ou façam o oposto, apenas o que der na telha, sem tanta autocrítica. Só não sejam tão críticos, porque isso amedronta as pessoas, principalmente as inseguras, impedindo-as de EXPERIMENTAR, o que pode resultar em uma coisa maravilhosa, até em uma descoberta que beneficie a própria humanidade.


Eu quero ser eu, e não todo mundo.


quinta-feira, janeiro 2

A little bit of how I feel/fell

I think we have been doing the wrong wishes.
I never really believed in the consequences.
Thought I could deal with it.
I keep going alway and escaping places,
just to find out nothing changes.

quinta-feira, outubro 24

Foto da minha infância

Era dia de Halloween, eu tinha cerca de nove anos. Nessa época eu estudava na Escola Aplicação e, se me lembro bem, estava na 3ª serie. Fomos com o ônibus do colégio para uma festa de Halloween.  Estávamos todos fantasiados de bruxas, monstros, diabos, fantasmas, caveiras, e por aí vai. A festa também era incrível! Não me lembro o bairro ou nome do local, mas estava decorado por todos os lados, havia muitas fantasias para trocarmos, acessórios, maquiagem, comida e músicas. Havia também um cômodo, uma espécie de quarto do terror, onde, de dois em dois, nós entrávamos para levarmos sustos que nos faziam sair correndo do lugar. Eu e uma amiga nos arriscamos a entrar. Meio nervosas, olhamos em volta e estava tudo à meia luz. Um colchão em pé no canto, alguns moves espalhados... Nada mais. Der repente, do nada, aparece um homem correndo atrás de nós. Não pensamos duas vezes, fomos embora gritando. Depois do susto, risadas. Adorávamos adrenalina. E, por isso, resolvemos entrar lá de novo, dessa vez para pregar uma peça no tal “monstro”.  Enquanto esperávamos a nossa vez, combinávamos todo um plano: silêncio absoluto, sem risadas, sem pisões no chão, sem muitos movimentos, nos esconderíamos atrás do colchão antes que o homem saísse do seu esconderijo para nos assustar. Tínhamos que ser mais rápidas. Agora ele seria a vítima. Sem que ele nos visse, observamos a sua reação de confusão quando se preparou para dar mais um susto e percebeu que não havia ninguém ali. Era a hora. Pulamos na frente do colchão ao mesmo tempo em que gritávamos algum barulho assustador. Vitória. O mesmo dia da caça, pode ser o do caçador.

quarta-feira, agosto 21

Experimentar o SER e o ESTAR

Muitas coisas me inspiram para teatro. Eu sempre fui diferente, nunca gostei de rotinas, mesmices, coisas muito certinhas, exatas, “normais”. Sentia que isso era como estancar em um lugar só, não evoluir. E me dava uma tremenda angústia só de pensar em um dia sair do colégio, entrar na faculdade, me formar e começar um trabalho onde eu passaria o dia inteiro sentada na frente de um computador, fazendo o “ctrl c, ctrl v” diário. Meu anseio sempre foi pelo novo e pelo desconhecido, minha paixão desde pequena é experimentar, e foi dessa palavrinha que surgiram minhas diversas inspirações para o teatro.

Normais levantam, reclamam, vestem, irritam-se, xingam e cumprimentam sempre da mesma forma. Dão as mesmas respostas para os mesmos problemas. Tem o mesmo humor no serviço e em casa. Petrificam sorrisos no rosto, dão presentes sempre nas mesmas datas. Enfim, tem uma vida estafante e previsível. Fonte para vazios e enfados. Normais não surpreendem, não encantam. Deus, livra-me dos normais. (CURY Augusto, 2008)

Há uma famosa frase de Confúcio que diz “Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”. Esse é um dos motivos de eu ter escolhido o teatro como profissão. Nada mais revigorante que ter prazer pelo que se faz, ainda mais quando se trata de algo que vou fazer pelo resto da vida e de onde vou tirar o meu sustento. Além disso, é muito mais fácil ter sucesso, evoluir e aprender todo dia com algo que te faz bem, feliz.


Em relação à experimentação, eu tenho em mim esse imenso desejo de estar sempre conhecendo lugares, coisas e pessoas novas, viajar por aí, deixando sempre um pouquinho de mim espalhado pelo mundo, expor coisas, ações, que fizessem as pessoas refletirem sobre assuntos diversos, e que isso pudesse de alguma forma fazer alguma interferência ou sentido na vida daquelas pessoas. Uma vontade de viver várias vidas, experimentar situações inusitadas, papéis diferentes, “viver” em épocas distintas... É como se eu quisesse estar presente em cada lugarzinho do mundo, em todos os períodos históricos, no lugar de pessoas extremamente diferentes.

Dizem que as pessoas vão ao teatro para ver coisas que não fariam - ou gostariam de fazer, mas não têm coragem – na vida real. Já eu tenho vontade de experimentar tudo o que pode ser feito em cima do palco (entenda-se local destinado à apresentação dos atores, que pode ser, por exemplo, a rua).

Eu poderia citar ainda infinitos fatores que me inspiram para as artes cênicas, pois, quanto mais eu penso sobre isso, mais motivos me vêm à cabeça... Simultaneamente, todos esses desejos aumentam dentro de mim. É uma verdadeira paixão e não há outra profissão que eu queira ou pense em seguir. Chega a ser agonizante ter tantas inspirações e não poder expressar todas aqui.


Para tentar resumir um pouco de todas essas sensações que vibram dentro de mim em relação ao teatro, eu mixei trechos dos dois livros da série O Vendedor de Sonhos, de Augusto Cury “Preferiu ser uma caminhante em busca da única coisa que determinava a sua essência. Quem não se deslumbra com o fenômeno da existência será como uma criança que vive no teatro do tempo sem ter consciência mínima da vida.” E é assim que eu me sinto. Deslumbrada pelo fenômeno da existência, inspirada pelas inúmeras possibilidades que ela me permite, seguindo meu instinto para aquilo que representa a minha essência: as artes cênicas.




2012.1

quarta-feira, agosto 14

Minha vida de volta.

Percebi que aos poucos estou perdendo as pessoas que amo. Estou te perdendo agora. Por favor, não vá. Apesar de tudo, eu te amo.

Você está se transformando num monstro. Sei que também mudei, mas juntas podemos voltar a ser quem éramos antes. Tudo pode mudar e as coisas podem voltar a ser perfeitas. Eu quero a minha vida de volta. SÓ QUERO A MINHA VIDA DE VOLTA, ME DÊ A MINHA VIDA DE VOLTA! Alguém sugou minha alma e o medo tomou conta de mim. O nosso mundo está desmoronando, mas tudo o que te peço é a minha vida de volta. Será que é pedir demais?

Não posso me matar; eu não teria a minha vida de volta. Nem fugir dos problemas; eu estaria abandonando você. Só quero que saiba que sempre vou te amar, mesmo enquanto você for esse monstro. Mas me diz o que fazer se um por um estão indo embora todas as pessoas que eu amo.

Eu quero a minha vida de volta. Só quero a minha vida de volta. Será que é pedir demais?


18.02.2006
Vicky Fechine

terça-feira, novembro 8

O que você nunca vai saber!

Não pretendo te contar sobre minhas lutas mentais. Você terá nas mãos minha simplicidade e minha leveza, que podem não ser totalmente verdadeiras, mas foram criadas com muito carinho pra não assustar pessoas como você. Não vou ficar falando sobre a complexidade dos meus pensamentos, minha dualidade ou minhas dúvidas sobre qualquer sentimento do mundo. Vou te deixar com a melhor parte, porque eu sei que você merece. Guardo pra mim as crises de identidade e a vontade de sumir. Não vou dissertar sobre minhas fragilidades e minhas inseguranças. Talvez eu te diga algumas vezes sobre minha tristeza, mas só pra ganhar um pouquinho mais de carinho. Ofereço meu bom humor e minha paciência e você deve saber que esta não é uma oferta muito comum.

Se você tivesse chegado antes, eu não teria notado. Se demorasse um pouco mais, eu não teria esperado. Você anda acertando muita coisa, mesmo sem perceber. Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia. Mas já que você chegou no momento certo, vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É UM RISCO. EU PULO, SE VOCÊ ME DER A MÃO.


Você não precisa saber que eu choro porque me sinto pequena num mundo gigante. Nem que eu faço coisas estúpidas quando estou carente. Você nunca vai saber da minha mania de me expor em palavras, que eu escrevo o tempo todo, em qualquer lugar. Muito menos que eu estou escrevendo sobre você neste exato momento. E não pense que é falta de consideração eu dividir tanto de mim com tanta gente e excluir você dessa minha segunda vida, porque há duas maneiras de saber o que eu não digo sobre mim: lendo nas entrelinhas dos meus textos e olhando nos meus olhos.

E a segunda opção ninguém mais tem.

(V.H.)