quarta-feira, outubro 6

Dois Anos da Vida de Bia

Ontem foi um dia obscuro, Beatriz, minha melhor amiga, viveu o pior dia da sua vida...

Há uns dois anos encontrei Beatriz no ponto do ônibus, ela estava sentada ao meu lado. Sempre foi uma garota bonita, meiga, doce e muito amiga. Desde o dia em que eu a vi nós pegamos o mesmo ônibus.

Um dia Bia falou algo comigo, não ouvi direito o quê, dei um sorriso que foi correspondido e voltei a ouvir música. O ônibus chegou, entramos. Beatriz se sentou ao meu lado. Tirei os fones de ouvido e cumprimentei-a. Desde então passamos a sentar juntas e conversar todo dia. Dentro de pouco tempo nos tornamos melhores amigas. Ríamos juntas, trocávamos segredos e até brigávamos por besteira. Tudo era perfeito!

Tínhamos mais duas amigas: Mary e Anne, super legais também. Fazíamos tudo juntas. Num domingo enquanto conversávamos num barzinho, Anne nos falou de uma viagem que ia rolar no meio do ano. Aceitamos de cara, aquela viagem entraria para a história.

Chegado o meio do ano, as malas prontas, nós ansiosas. Fomos todas bem cedo para o aeroporto. Não demorou para que, no avião,começássemos a cantar músicas divertidas de viagem e, não muito rápido, após várias tentativas sem sucesso de dormir, chegamos com toda energia ao nosso destino. Era lindo, perfeito! Drew, Bia, Mary e Anne: quatro amigas conhecendo Nova Iorque, que viagem!Realmente marcou nossas vidas e reforçou nossa amizade.

A viagem foi maravilhosa, indescritível, mas depois de três semanas já era hora de voltar. No caminho de volta o que predominava era um clima de saudade e choro que não acabava mais. De início todas chorávamos por causa da saudade daquela cidade hilária que tínhamos deixado pra trás, porém logo o motivo do choro de duas de nós havia mudado de rumo. Agora eu chorava por causa de Alberto, um garoto que havia viajado com a gente, enquanto Bia chorava por causa de um segredo que havia lembrado. Segredo que só ela sabia.

Ficamos todas preocupadas. A Bi chorava como se alguém tivesse morrido, sabíamos que era muito grave, mas ela não queria dizer. Deitou-se no meu colo e começou a falar desesperadamente: “não posso falar, não posso”. Logo parei de chorar. Momentaneamente esqueci aquele garoto; percebia-se que o problema da minha amiga era muito maior que o meu.

Ela pediu que parássemos de perguntar o motivo e, quando ninguém estava olhando, Beatriz sussurrou que me contaria depois, já que não conseguiria me falar naquele momento, a menos que eu tivesse um papel e uma caneta, o que não era o caso. Então eu disse que assim que chegasse em casa eu ligaria para ela. E foi o que fiz. Em casa ela ainda estava chorando, então perguntei mais uma vez o motivo, foi quando ela disse que estava apaixonada por alguém que não deveria. Não disse o nome, só pediu para eu adivinhar, pois não conseguiria falar. Perguntei se era o meu irmão, ela disse que não e só depois de muitas tentativas, descobri.

Perguntei novamente por que ela estava chorando, não via problema em ela estar apaixonada há dois anos e meio pela Jenna, garota que saía com a gente ás vezes. Mas ela continuou chorando e disse que estava errado, não por ela, mas pelos outros, afinal ninguém aceita esse tipo de coisa hoje em dia. Conversamos por um bom tempo no telefone até ela parar de chorar. Algum tempo depois resolvemos contar o segredo para a Anne e depois para a Mary. Ambas reagiram da mesma forma que eu. De algum jeito descobrimos que a Jenna também gostava da Bia. Ela tentava disfarçar, mas logo percebemos.

Já faz alguns meses que fomos lá pra casa e bolamos um pano para a Bia ficar com a Jen. A Mary conversaria com a Jenna e saberia se ela gostava mesmo da Bi, depois todas sairíamos untas e daria tudo certo. E realmente deu. Saímos para a praia e nos divertimos muito! Agora a Beatriz ta namorando com a Jen e elas estão super felizes! Mas tinha outro problema. As pessoas estavam começando a desconfiar e elas não queriam mais esconder aquilo.

Há ua semana fomos a um almoço na casa da Bib para decidir o que faríamos sobre isso e enumeramos as possibilidades:
* Poderíamos contar logo para todos;
* Poderíamos esconder para sempre;
* Poderíamos deixar tudo como estava e ir contando aos poucos.

Pensamos mais um pouco e analisamos as opções:
* A primeira opção destruiria a vida das garotas, já que seriam discriminadas para o resto da vida, o que fecharia muitas portas para elas.
* As duas últimas trariam infelicidade para as duas e não as deixaria à vontade, e imagina só o que iria acontecer quando descobrissem...

Finalmente decidimos. Optamos por uma quarta solução: as meninas já estavam bem grandinhas e sabiam o que queriam da vida. Iriam morar em Nova Iorque. Aquela cidade que tinham deixado pra trás e que fora tão importante para a vida das quatro amigas e, também, o início de toda essa história.

Não foi muito fácil decidir isso. O casal teria que dar explicações para as suas famílias e amigos, emprego e faculdade... Além de ter que refazer toda a vida nos Estados Unidos, o que poderia dar errado. Mas já estava decidido e elas estavam dispostas a enfrentar os desafios.

Ontem a Beatriz e a Jen marcaram um jantar com as famílias e amigos mais próximos e contaram tudo isso para eles. Não foi fácil. Muitos tiveram reações horríveis e elas sofreram muito com isso, mas tudo já está se resolvendo.

Hoje quase todas as pessoas que se encontravam na reunião das meninas ontem vieram ao aeroporto e desejaram muita sorte para ambas. Após as despedidas, Bia e Jenna entraram no portão de embarque bastante ansiosas. O que elas não esperavam encontrar era uma surpresinha pouco antes de entrarem no avião. Eu, a Mary, a Anne e a Reigan, outra grande amiga da gente, aparecemos perto da entrada do avião. Resolvemos morar na Big Apple com elas. Tínhamos uma banda faz algum tempo, decidimos refazê-la para sobreviver na capital do mundo.

Agora estamos no avião, no meio da viagem. Ainda está um pouco longe do nosso destino, mas estamos muito empolgadas. Já ligamos para uma gravadora que está apostando tudo na nossa banda. Ainda temos que ensaiar bastante, mas, pelo visto, vai dar tudo certo.

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