Era dia de Halloween, eu
tinha cerca de nove anos. Nessa época eu estudava na Escola Aplicação e, se me
lembro bem, estava na 3ª serie. Fomos com o ônibus do colégio para uma festa de
Halloween. Estávamos todos fantasiados
de bruxas, monstros, diabos, fantasmas, caveiras, e por aí vai. A festa também
era incrível! Não me lembro o bairro ou nome do local, mas estava decorado por
todos os lados, havia muitas fantasias para trocarmos, acessórios, maquiagem,
comida e músicas. Havia também um cômodo, uma espécie de quarto do terror,
onde, de dois em dois, nós entrávamos para levarmos sustos que nos faziam sair
correndo do lugar. Eu e uma amiga nos arriscamos a entrar. Meio nervosas,
olhamos em volta e estava tudo à meia luz. Um colchão em pé no canto, alguns moves
espalhados... Nada mais. Der repente, do nada, aparece um homem correndo atrás
de nós. Não pensamos duas vezes, fomos embora gritando. Depois do susto, risadas.
Adorávamos adrenalina. E, por isso, resolvemos entrar lá de novo, dessa vez
para pregar uma peça no tal “monstro”.
Enquanto esperávamos a nossa vez, combinávamos todo um plano: silêncio
absoluto, sem risadas, sem pisões no chão, sem muitos movimentos, nos
esconderíamos atrás do colchão antes que o homem saísse do seu esconderijo para
nos assustar. Tínhamos que ser mais rápidas. Agora ele seria a vítima. Sem que
ele nos visse, observamos a sua reação de confusão quando se preparou para dar
mais um susto e percebeu que não havia ninguém ali. Era a hora. Pulamos na
frente do colchão ao mesmo tempo em que gritávamos algum barulho assustador.
Vitória. O mesmo dia da caça, pode ser o do caçador.
quinta-feira, outubro 24
quarta-feira, agosto 21
Experimentar o SER e o ESTAR
Muitas coisas me inspiram para teatro. Eu sempre fui
diferente, nunca gostei de rotinas, mesmices, coisas muito certinhas, exatas,
“normais”. Sentia que isso era como estancar em um lugar só, não evoluir. E me
dava uma tremenda angústia só de pensar em um dia sair do colégio, entrar na
faculdade, me formar e começar um trabalho onde eu passaria o dia inteiro
sentada na frente de um computador, fazendo o “ctrl c, ctrl v” diário. Meu
anseio sempre foi pelo novo e pelo desconhecido, minha paixão desde pequena é
experimentar, e foi dessa palavrinha que surgiram minhas diversas inspirações
para o teatro.
Normais levantam, reclamam, vestem, irritam-se, xingam e
cumprimentam sempre da mesma forma. Dão as mesmas respostas para os mesmos
problemas. Tem o mesmo humor no serviço e em casa. Petrificam sorrisos no
rosto, dão presentes sempre nas mesmas datas. Enfim, tem uma vida estafante e
previsível. Fonte para vazios e enfados. Normais não surpreendem, não encantam.
Deus, livra-me dos normais. (CURY Augusto, 2008)
Há uma famosa frase de Confúcio que diz “Escolha um trabalho
que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”. Esse é um dos
motivos de eu ter escolhido o teatro como profissão. Nada mais revigorante que
ter prazer pelo que se faz, ainda mais quando se trata de algo que vou fazer
pelo resto da vida e de onde vou tirar o meu sustento. Além disso, é muito mais
fácil ter sucesso, evoluir e aprender todo dia com algo que te faz bem, feliz.
Em relação à experimentação, eu tenho em mim esse imenso
desejo de estar sempre conhecendo lugares, coisas e pessoas novas, viajar por
aí, deixando sempre um pouquinho de mim espalhado pelo mundo, expor coisas,
ações, que fizessem as pessoas refletirem sobre assuntos diversos, e que isso
pudesse de alguma forma fazer alguma interferência ou sentido na vida daquelas
pessoas. Uma vontade de viver várias vidas, experimentar situações inusitadas,
papéis diferentes, “viver” em épocas distintas... É como se eu quisesse estar
presente em cada lugarzinho do mundo, em todos os períodos históricos, no lugar
de pessoas extremamente diferentes.
Dizem que as pessoas vão ao teatro para ver coisas que não
fariam - ou gostariam de fazer, mas não têm coragem – na vida real. Já eu tenho
vontade de experimentar tudo o que pode ser feito em cima do palco (entenda-se
local destinado à apresentação dos atores, que pode ser, por exemplo, a rua).
Eu poderia citar ainda infinitos fatores que me inspiram para
as artes cênicas, pois, quanto mais eu penso sobre isso, mais motivos me vêm à
cabeça... Simultaneamente, todos esses desejos aumentam dentro de mim. É uma
verdadeira paixão e não há outra profissão que eu queira ou pense em seguir.
Chega a ser agonizante ter tantas inspirações e não poder expressar todas aqui.
Para tentar
resumir um pouco de todas essas sensações que vibram dentro de mim em relação
ao teatro, eu mixei trechos dos dois livros da série O Vendedor de Sonhos, de
Augusto Cury “Preferiu ser uma caminhante em busca da única coisa que
determinava a sua essência. Quem não se deslumbra com o fenômeno da existência
será como uma criança que vive no teatro do tempo sem ter consciência mínima da
vida.” E é assim que eu me sinto. Deslumbrada pelo fenômeno da existência,
inspirada pelas inúmeras possibilidades que ela me permite, seguindo meu
instinto para aquilo que representa a minha essência: as artes cênicas.
2012.1
quarta-feira, agosto 14
Minha vida de volta.
Percebi que aos poucos estou perdendo as pessoas que amo. Estou te perdendo agora. Por favor, não vá. Apesar de tudo, eu te amo.
Você está se transformando num monstro. Sei que também mudei, mas juntas podemos voltar a ser quem éramos antes. Tudo pode mudar e as coisas podem voltar a ser perfeitas. Eu quero a minha vida de volta. SÓ QUERO A MINHA VIDA DE VOLTA, ME DÊ A MINHA VIDA DE VOLTA! Alguém sugou minha alma e o medo tomou conta de mim. O nosso mundo está desmoronando, mas tudo o que te peço é a minha vida de volta. Será que é pedir demais?
Não posso me matar; eu não teria a minha vida de volta. Nem fugir dos problemas; eu estaria abandonando você. Só quero que saiba que sempre vou te amar, mesmo enquanto você for esse monstro. Mas me diz o que fazer se um por um estão indo embora todas as pessoas que eu amo.
Eu quero a minha vida de volta. Só quero a minha vida de volta. Será que é pedir demais?
18.02.2006
Vicky Fechine
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