quarta-feira, agosto 21

Experimentar o SER e o ESTAR

Muitas coisas me inspiram para teatro. Eu sempre fui diferente, nunca gostei de rotinas, mesmices, coisas muito certinhas, exatas, “normais”. Sentia que isso era como estancar em um lugar só, não evoluir. E me dava uma tremenda angústia só de pensar em um dia sair do colégio, entrar na faculdade, me formar e começar um trabalho onde eu passaria o dia inteiro sentada na frente de um computador, fazendo o “ctrl c, ctrl v” diário. Meu anseio sempre foi pelo novo e pelo desconhecido, minha paixão desde pequena é experimentar, e foi dessa palavrinha que surgiram minhas diversas inspirações para o teatro.

Normais levantam, reclamam, vestem, irritam-se, xingam e cumprimentam sempre da mesma forma. Dão as mesmas respostas para os mesmos problemas. Tem o mesmo humor no serviço e em casa. Petrificam sorrisos no rosto, dão presentes sempre nas mesmas datas. Enfim, tem uma vida estafante e previsível. Fonte para vazios e enfados. Normais não surpreendem, não encantam. Deus, livra-me dos normais. (CURY Augusto, 2008)

Há uma famosa frase de Confúcio que diz “Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida”. Esse é um dos motivos de eu ter escolhido o teatro como profissão. Nada mais revigorante que ter prazer pelo que se faz, ainda mais quando se trata de algo que vou fazer pelo resto da vida e de onde vou tirar o meu sustento. Além disso, é muito mais fácil ter sucesso, evoluir e aprender todo dia com algo que te faz bem, feliz.


Em relação à experimentação, eu tenho em mim esse imenso desejo de estar sempre conhecendo lugares, coisas e pessoas novas, viajar por aí, deixando sempre um pouquinho de mim espalhado pelo mundo, expor coisas, ações, que fizessem as pessoas refletirem sobre assuntos diversos, e que isso pudesse de alguma forma fazer alguma interferência ou sentido na vida daquelas pessoas. Uma vontade de viver várias vidas, experimentar situações inusitadas, papéis diferentes, “viver” em épocas distintas... É como se eu quisesse estar presente em cada lugarzinho do mundo, em todos os períodos históricos, no lugar de pessoas extremamente diferentes.

Dizem que as pessoas vão ao teatro para ver coisas que não fariam - ou gostariam de fazer, mas não têm coragem – na vida real. Já eu tenho vontade de experimentar tudo o que pode ser feito em cima do palco (entenda-se local destinado à apresentação dos atores, que pode ser, por exemplo, a rua).

Eu poderia citar ainda infinitos fatores que me inspiram para as artes cênicas, pois, quanto mais eu penso sobre isso, mais motivos me vêm à cabeça... Simultaneamente, todos esses desejos aumentam dentro de mim. É uma verdadeira paixão e não há outra profissão que eu queira ou pense em seguir. Chega a ser agonizante ter tantas inspirações e não poder expressar todas aqui.


Para tentar resumir um pouco de todas essas sensações que vibram dentro de mim em relação ao teatro, eu mixei trechos dos dois livros da série O Vendedor de Sonhos, de Augusto Cury “Preferiu ser uma caminhante em busca da única coisa que determinava a sua essência. Quem não se deslumbra com o fenômeno da existência será como uma criança que vive no teatro do tempo sem ter consciência mínima da vida.” E é assim que eu me sinto. Deslumbrada pelo fenômeno da existência, inspirada pelas inúmeras possibilidades que ela me permite, seguindo meu instinto para aquilo que representa a minha essência: as artes cênicas.




2012.1

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