terça-feira, dezembro 8

Roda Gigante

Sei que podes me ouvir, ainda que não possa expressar opnião alguma sobre os fatos ditos.
Direi a ti, então, de forma sucinta e sincera, tudo o que tenho a dizer e irei-me embora sem mais conversas.
Gosto de ti!
Muito. Mas isso não me faz chorar a sua ausência. E não me olhe com essa cara de espanto, pois é por gostar de ti que entendo como será mais feliz distante.
Queria mudar este mundo, tu sabes. Mas queria mais que isso. A verdade é que, desde menina, sonhava que este, tomasse um pouco de vergonha na cara e se modificasse sozinho. Mas que coisa! Será que sempre há de haver uma alma boa para direcionar a luz no fim do túnel, senão ninguém sai do buraco? Ora, mas veja você como soa egoísta essa atitude quanto dita em alto e bom tom.
De uma forma ou de outra, não me importo mais se vai ser assim ou assado. Tudo , afinal, tem dois lados e já aprendi que não é o mundo que gira ao meu favor, mas eu que dou voltas a favor dele, e assim sai tudo do jeitinho que desenho em meus pensamentos. É como digo: se sou capaz de adaptar a mim e às minhas emoções, se sou capaz de me acostumar com as coisas acostumáveis do mundo, sou bem mais feliz! E por isso tenho estado tão feliz estes últimos tempos, não me leve a mal.
Juro, não tem nada a ver com a sua morte, sabes que gosto de ti.
Sei o que estas pensando aí com as tuas botas "então como ficam as coisas não acostumáveis" e tenho que admitir que é uma boa pergunta. Estas coisas a gente ignora, finge que não existe. É como um 'faz de conta'. Não sei se é exatamente assim que devo levar as coisas, mas se você estivesse vivo, diria apenas "faça o que te deixa feliz, contanto que não machuque os outros". Eu sei, te conheço (ou conhecia) bem. E quer saber? Concordo contigo, falecido amigo Lemos.
Acredito que já tenho estado demasiado tempo aqui e te aborrecido por demais. Você sempre foi um homem de poucas palavras com os outros, mas comigo... Ah, comigo não parava de tagarelar e deve estar sendo difícil permanecer calado ao ouvir o âmbito das minhas idéias. Dou-lhe assim uma trégua, mesmo porque - não se chateie, mas este cheiro de cão molhado está me dando nos nervos, não deram-lhe o formol?
De qualquer modo, preciso ir, o mundo esta a rodar e me encontro parada já faz um bom tempo, preciso ir em busca da minha felicidade, pois pelo que posso ver, a sua está bem diante de mim. Fico feliz. Só espero que, ao chegar na sua nova casa, faça o favor de soltar a lingua e fazer novos amigos; os velhos estarão sempre aqui, você sabe onde os encontrar, mas ninguém vive só de passado, não é?!
Me espera no Balão Mágico,amigo, que agora estou na Roda Gigante.

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